Ao empossar um político do PR como novo ministro dos Transportes, num movimento para acomodar o partido na base governista, a presidente Dilma Rousseff defendeu nesta quarta-feira a importância do setor para o Brasil aumentar sua competitividade.
 
"Nós precisamos de uma estrutura de logística de rodovias e ferrovias muito mais ampla, que ligue toda essa estrutura aos portos do nosso país. Para mim, é muito importante também que junto com essa estrutura... se agregue os aeroportos", disse a presidente durante a posse de César Borges.
 
"Um país dessa dimensão que não sabe como se conecta rodovias com portos, ferrovias com portos, a estrutura de aeroportos no tecido da malha logística é um país míope", disse. "Por isso nós tomamos sistematicamente medidas para construir esse saber, que não é do governo, é um saber que passa pelo conhecimento do setor privado."
 
Borges substitui Paulo Sérgio Passos, que, embora também filiado ao PR, não era visto por seus correligionários como um representante da sigla na Esplanada.
 
"PISAR NO ACELERADOR"
 
Logo após a posse, Borges disse que a presidente pediu para ele "pisar no acelerador" para colocar em prática os planos do governo para melhorar a infraestrutura logística e que essa será sua "prioridade".
 
"A presidenta dá a maior importância para que o Brasil avance no processo de diminuir os custos de frete, no processo de desenvolvimento da logística, nos investimentos em logística", disse o novo ministro a jornalistas.
 
"Essa é uma necessidade do país. Há um passivo e esse passivo deve ser enfrentado com muita determinação."
 
Desde o ano passado, o governo vem anunciando medidas para tentar resolver gargalos no setor ferroviário, rodoviário, de portos e aeroportos, mas tem enfrentado dificuldades para implementá-las, como no caso da tramitação da medida provisória que trata do setor de portos, que enfrenta resistência de trabalhadores.
 
ACOMODAÇÃO POLÍTICA
 
Embora a presidente tenha exaltado o perfil técnico do novo ministro, que ocupava era vice-presidente de governo do Banco do Brasil quando seu nome foi anunciado na segunda-feira, Dilma também citou sua "experiência" política.
 
Deputado federal, vice-governador e governador da Bahia e senador, Borges foi filiado ao PFL e fez parte da oposição durante o primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
 
No PR desde 2007, o ministro entra na estratégia de mudanças no primeiro escalão da presidente para garantir maior número de aliados em seu palanque para a reeleição em 2014, assim como assegurar o apoio de sua base nas votações no Congresso Nacional.
 
Na segunda-feira, o presidente do PR, Alfredo Nascimento, afirmou, por meio de sua assessoria, que o partido "se sente representado" por Borges na Esplanada. O mesmo foi dito pelo vice-líder da legenda na Câmara, deputado Lincoln Portela (MG).
 
O novo ministro negou ter sentido "resistência" a seu nome por parte de colegas de partido e disse estar "confortável" com sua indicação para o ministério.
 
O agora ex-ministro Paulo Sérgio Passos foi indicado para ocupar o cargo de diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) --seu nome ainda será submetido a aprovação do Senado.
 
Em seu discurso, Dilma lembrou que o PR é um partido que integra o governo desde que José Alencar se uniu a Lula para fazer dobradinha como seu vice nos dois mandatos.
 
"O César Borges consolida a participação do Partido da República na nossa coalizão de governo, o que para nós também é muito importante, e o faz de forma extremamente qualificada", disse Dilma.
 
Reuters

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