A segunda quinzena de outubro está sendo marcada pela queda nos preços da arroba no mercado físico do boi gordo.

“A baixa liquidez de negócios, gerada pela fraca procura por animais terminados, continua a impactar negativamente o mercado pecuário”, afirmam os analistas da IHS Markit, que acrescentam: “As escalas de abate das indústrias frigoríficas brasileiras atendem adequadamente os seus compromissos para os próximos dias”.

Segundo a IHS, o setor vem sendo impactado por novos rumores relacionados à retração das exportações brasileiras de carne bovina à China.

“A estratégia é manter uma produção minimamente adequada à demanda vigente, diante da possibilidade de algum impacto negativo sobre as vendas externas ocasionado por redução abrupta de envios ao mercado chinês”, ressalta a consultoria.

Nesta sexta-feira, o mercado físico de boiada gorda voltou a registrar forte pressão baixista por parte dos compradores.

Recentemente, cresceram os relatos de unidades brasileiras de abate optando por paralisar suas as operações temporariamente, temendo impactos na dinâmica de escoamento da produção em função do menor apetite chinês.

Frigoríficos exportadores relataram que os compradores chineses estão barganhando valores menores no quilo da proteína bovina, ao mesmo tempo que limitam as aquisições de novos contratos”, informa a IHS.

Neste contexto, o valor do boi-China cedeu em algumas praças brasileiras, contaminando as demais regiões pecuárias do País.

“Como grande parte das indústrias frigoríficas exportadoras estão munidas de uma boa cobertura de oferta de animais oriundos de boiteis ou de parceria com grandes confinamentos (fechadas por meio de contratos de boi a termo), a estratégia é diminuir o ritmo das compras de boiada e focar em dar vasão aos estoques de carne”, relata a IHS.

Unidades de abate temem um choque de demanda diante de uma saída repentina dos chineses das compras, já que o consumo doméstico ainda ensaia recuperação, acrescenta a consultoria.

Com isso, reforça a IHS, a especulação baixista ganhou maior intensidade nesta sexta-feira, embora o volume de negócios tenha sido muito fraco. No interior paulista, houve comprador de gado sinalizando o preço de R$ 275/@ no boi-China, mas sem efetivação neste patamar.

 

Segundo dados da Scot Consultoria, mesmo ainda pressionadas, as cotações para o boi, vaca e novilha gordos trabalharam estáveis nesta sexta-feira, no mercado paulista. Com isso, boi, vaca e novilha gordos estão cotados em R$ 280,00/@, R$ 265,00/@ e R$ 272,00/@, respectivamente, preços brutos e a prazo.

 

Bovinos destinados à exportação, popularmente conhecidos como “boi -China”, estão cotados em R$ 285,00/@. No MT e RO, os preços também cederam pela saída de muitos compradores dos negócios. Nas demais praças, o dia foi de observar o “efeito-China” e não sinalizar valor, diz a IHS. Até este mês de outubro, o forte volume de embarque de carne bovina ao exterior vem sendo crucial na dinâmica do escoamento da produção, com o mercado chinês absorvendo mais de 50% das vendas totais.

“Desta forma, qualquer sinal de arrefecimento nas vendas ao mercado chinês deve repercutir de forma negativa na formação dos preços da arroba no mercado físico”, afirma a IHS, completando: “Os próximos dias serão de muita especulação, até que se tenha uma melhor ideia da postura chinesa e do consumo interno”.

Na B3, a pressão baixista também vem se agravando. Apesar das expectativas positivas em relação à melhora do consumo interno, o setor passa a adotar maior cautela de olho na posição adotada pelos compradores chineses.

Em relação ao mercado atacadista, os preços dos principais cortes bovinos se mantiveram inalterados nesta sexta-feira, apesar da lentidão de negócios.

O consumidor final permanece optando por proteínas concorrentes, que têm preços mais competitivos, contribuindo para demanda mais contida da carne bovina nesta etapa do mês.

 

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